Identidade visual e sinalização da exposição Botannica Tirannica de Giselle Beiguelman. O projeto consistiu no desenvolvimento em conjunto com a artista, curadoria e expografia a concepção de uma instalação para melhor tradução da pesquisa homônima de Beiguelman. O projeto foi desenvolvido entre janeiro e junho de 2022 e teve lugar no Museu Judaico de São Paulo. A pesquisa da artista realiza o cruzamento entre botânica, colonialismo e inteligência artificial. Giselle aborda a taxonomia científica como integrante do projeto colonial, que reforça preconceitos de raça, gênero e identidade cultural. A partir dessa posição estabelece a relação com a inteligência artificial como nova forma de colonialismo na contemporaneidade. O projeto teve como principais desafios a abordagem e tradução espacial e gráfica de temas delicados, estabelecendo diálogos entre a linguagem tradicional do clássico museu de ciências e a linguagem digital, ambas inseridas em um contexto crítico.
O projeto de identidade visual teve como premissa estabelecer um diálogo entre uma linguagem sólida e estabelecida – a linguagem botânica – com uma linguagem digital contemporânea. Apesar de contrastantes, ambas linguagens se encontram em Botannica Tirannica como pano de fundo para uma crítica estrutural à taxonomia científica e sua linguagem que reforça as estruturas de poder.
Optamos pela escolha de cores contrastantes, o verde neon e o verde militar, adquirindo um caráter sério, ao mesmo tempo que atual. Em paralelo com as duas cores, temos também a utilização do mdf ultra, por sua resistência a água e também por sua materialidade compondo um terceiro elemento na composição, e tirando o binarismo das cores e texturas. As tipografias escolhidas também foram três, assim temos a Baskerville, fonte de 1757, assim como uma fonte contemporânea monoespaçada remetendo a linguagem de código, e uma terceira fonte contemporânea mais humanista com um pouco de leveza, auxiliando na construção de um futuro dentro da denúncia que a exposição aponta.
The visual identity of the exhibition Botannica Tirannica aimed to establish a critical dialogue between the language of natural science museums and digital language. In order to create unity between the different temporalities (classic and contemporary) and universes (real and virtual), Maria Cau Levy explored contrasting colors, such as neon green and military green, and typefaces created at different points in history: Baskerville, a typographic family from 1757 that alludes to the earliest beginnings of printing; NB Typewriter, a monospaced font family created in 2012 that alludes to the language of digital coding; and GT Walsheim, from 2010, with smooth rounded geometry, a sign of another future, different from the one denounced by the exhibition.
identidade visual e sinalização visual identity and signage: Maria Cau Levy
assistente de design design assistant: Karime Zaher
projeto expográfico exhibition design: Helena Cavalheiro
projeto de luz lighting design: Fernanda Carvalho
jardim garden: Bruno Araújo
Catálogo Catalog
Como desdobramento da exposição Botannica Tirannica de Giselle Beiguelman no Museu Judaico em São Paulo foi realizado o catálogo com direção editorial de Patrícia Mourão. O projeto do catálogo de Botannica Tirannica se debruçou na tradução visual de uma pesquisa que aborda temas delicados e ao mesmo tempo absolutamente presentes em nosso cotidiano. Procuramos tirar partido desses aspectos ao estabelecer um diálogo entre a linguagem clássica do museu de ciências e a linguagem digital, ambas inseridas em um contexto crítico. As palavras que percorreram nosso imaginário foram: estranheza, inteligência artificial, resiliência, laboratório, processo, sistematização, ironia e crítica. Apesar de contrastantes os aspectos temporais (clássico x contemporâneo) e de linguagem (real x virtual), estes se encontram em Botannica Tirannica como pano de fundo para uma crítica estrutural à taxonomia científica e sua linguagem que reforça as estruturas de poder. Posto isso, optamos pela escolha de cores e materialidades contrastantes. O verde neon, como cor especial, as tipografias escolhidas também foram três, assim temos a Baskerville, fonte de 1757, assim como a NB Typerwriter (2012), uma fonte contemporânea monoespaçada remetendo a linguagem de código, e uma terceira fonte GT Walsheim (2010) que por meio de sua geometria arredondada e suavidade traz desafogo, auxiliando na construção de um futuro dentro da denúncia que a exposição assinala. O catálogo se apresenta como uma peça de arquivo, sendo sua lateral um jogo informativo para auxiliar nesse mergulho taxonômico.
As an extension of Giselle Beiguelman’s Botannica Tirannica exhibition at the Jewish Museum in São Paulo, a catalog was produced under the editorial direction of Patrícia Mourão. The catalog project for Botannica Tirannica focused on visually translating research that explores both sensitive and profoundly relevant themes in our daily lives. We aimed to leverage these aspects by creating a dialogue between the classical language of the natural history museum and digital language, both within a critical context. Key concepts guiding our design included: strangeness, artificial intelligence, resilience, laboratory, process, systematization, irony, and critique.
Despite the contrasting elements of time (classic vs. contemporary) and language (real vs. virtual), these elements converge in Botannica Tirannica to provide a backdrop for a structural critique of scientific taxonomy and its power structures. To reflect this, we chose contrasting colors and materials: neon green as a special color and military green in chromia, offering a solid, serious, yet modern feel. This contrast is also evident in the papers used, namely Eurobulk 150g and Pólen 90g. We selected three typefaces: Baskerville (1757), NB Typewriter (2012), a contemporary monospaced font evoking code language, and GT Walsheim (2010), whose rounded geometry and softness provide relief and assist in constructing a future within the critique presented by the exhibition. The catalog serves as an archival piece, with its spine designed as an informational tool to aid in this taxonomic exploration.
produção gráfica graphic production: Lilia Góes
tradução translation: Glenn Johnston
preparação e revisão copyediting and proofreading: Armando Olivetti e Richard Sanches
tratamento de imagem photo retouching: Estúdio Guarnieri
impressão printing: Ipsis Gráfica e Editora
papéis papers: Eurobulk 135g, Pólen 90g e Masterblanc 270g
produção production: Mariana Lorenzi e Fernando Gallo (MUJ)
cliente client: Museu Judaico de São Paulo
fotos still still photos: Fernando Banzi