Identidade visual para o album AZUL MODERNO de Luiza Lian.
O disco tem músicas da Luiza com a Leda Cartum. Segundo palavras da própria Leda é um disco de nostalgia em relação ao passado. Aprendi com ela a diferença entre saudosismo e nostalgia. Saudosismo é a saudade de um tempo em que se viveu. Nostalgia é um sentimento em relação a memória de um passado, que pode ser idealizada, irreal, triste. A saudade é positiva, a nostalgia não necessariamente. Entendemos juntas que o moderno do disco é uma sensação de nostalgia em relação ao século passado.
Ao longo de alguns meses a gente vinha colhendo algumas referências: Jeff Wall, Ren Hang, Grete Stern, polaroids do Andy Warhol. Uma coisa tínhamos certeza nesse processo: não havia a cor azul moderno. Porque não tinha como ter. Se ela tivesse uma matiz, saturação, brilho, solidez, ela se materializaria.
A polaroid escolhida para a capa, por um acaso químico, gerou um degradê no fundo branco atrás da luiza que ficou como se fosse um fim de tarde, do bege para o azul escuro bem sutil na margem inferior do quadro. Aquela foto tava tão perfeita que eu fiquei um pouco resistente a ideia de usar ela. Era impecável: cor, foco, maquiagem, expressão, intenção. Eu tava sentindo falta de um estranhamento, um improviso. Mas depois de conversarmos com muitas opiniões valiosíssimas entendemos que era aquela a foto da capa e não tinha como ser outra.
A foto da capa do disco é a Luiza olhando para traz e para cima. O figurino é não ter figurino, a maquiagem é nude. Essa luiza da capa ficou encapsulada no tempo, a gente não sabe exatamente de quando ela é. Os tons da imagem beges, cinzas, marrons claros e no fundo da figura central os muitos tons gerados pela luz indireta que vinha de cima evocam uma sensação de um sentimento mais fechado, incerto, introspectivo. Ao final esboça-se uma ideia de um azul, mas que não se lê com definição. Que azul seria esse?
O disco foi lançado em outubro de 2018 e foi eleito melhor disco do ano pelo APCA do mesmo ano.
a capa foi um retrato em polaroid realizado com fernando banzi, maquiagem e cabelo por leon gurfein. o disco físico foi pensado como um objeto. um envelope de polipropileno, que contém o CD e o encarte, que se transforma em um cartaz com as letras.
equipe
arte: maria cau levy
assistente: christian salmeron
fotografia: fernando banzi
make: leon gurfein
figurino: gabriela cherubini (ateliê vivo)
agradecimentos: guilherme tanaka, vitor pena, maria beraldo, joão bagdadi, guga landi e natália fontoura
estudos para brinco e colar
azul e luiza
making off